terça-feira, 24 de julho de 2007

Julião revisita sua família


Passado o trauma da descoberta de que Rithinha era sua irmã, Julião foi tomando contato com os acontecimentos de sua família. Se você quiser antes conhecer a história de Julião, leia o post anterior.


Rithinha vivera com a mãe até os 14 anos, trabalhava na pizzaria do Sr. Antônio Maciel, ali próximo de sua casa como garçonete, e ainda frequentava a escola. O Sr. Antônio Maciel nunca houvera casado embora já tivesse mais de 60 anos.


Rithinha era uma moça muito bonita, vaidosa, se cuidava e chamava bastante a atenção dos homens, inclusive do Sr. Antônio, que passou a se interessar por aquela garota. Depois de algumas tentativas mal-sucedidas, acabou convencendo Rithinha a iniciar um namoro. Da. Loratina, não só concordou, como gostou, pois lhe parecia ali um casamento de conveniência, e o enlace acabou acontecendo.


Mas, Rithinha era inquieta, e tinha uma queda pelo Givanildo, pizzaiolo que trabalhava para seu Antônio.


Rithinha, durante algum tempo conseguiu levar a vida dupla, a paixão ardente com Givanildo e a conveniente relação com Sr. Antônio, mas para dar conta de tantas atividades acabou abandonando a escola. Continuou trabalhando na Pizzaria, mas como o caso com Givanildo já estava por demais público, tinha que acontecer mesmo de Sr. Antônio ficar sabendo, já que tinha outras moças também interessadas no lugar de Rithinha.


Sr Antônio não aceitou a traição, mandou embora a menina. Do Givanildo ele precisava, pois era bom pizzaiolo, e importante no negócio, mas exigiu que o rapaz abondonasse a moça para se manter no emprego.


Givanildo concordou, pois concluiu que estava mais fácil arrumar mulher que trabalho, e também tinha medo que Rithinha fizesse com ele o que fez com Sr. Antônio. Rithinha, tinha então 16 anos, voltou prà casa da mãe. Josué, conseguiu prà ela um trabalho como vendedora na loja de armarinhos do amigo Valdivino Costa.


Mas, Rithinha começou a sair à noite com umas amigas e a não voltar prà dormir em casa. Estava faltando muito ao trabalho até o ponto do Valdivino não mais poder contar com ela, ponderou com Josué que teria de demitir a menina.


Já com dezoito anos, foi-se embora de vez da casa da mãe, agora tem 21, mas mesmo depois de deixar a mãe manteve algumas visitas. Da. Loratina, estava muito doente, nos últimos três anos nem mais se levantava da cama, já devia estar perto dos 200 Kgs, e a diabetes se agravara. Quem cuidava dela, era Regiane, filha mais velha de Josué, que fora criada pela avó e tinha por ela um enorme carinho.


Do pai, Rithinha tinha poucas lembranças. Santana, morrera quando ela ainda tinha seis anos, foi durante um assalto ao carro forte que ele protegia. Dos participantes no assalto, três foram presos, mas muitos conseguiram fugir, e não se teve notícias de quem eram. O pai tinha ficado feliz com o nascimento da menina, mas por já estar amasiado a outra mulher não dedicava muita atenção à sua família.


Everaldo Júnior, o filho mais velho, trabalhava na construção civil, e mais tarde montara um oficina de conserto de bicicletas no bairro, que com a evolução acabara se transformando num ponto de distribuiçao de drogas. Júnior se envolvera com gente da pesada, e há quem afirme que participou do assalto que culminou com a morte do pai. Andou sumido uns tempos, mas retornou com força ao lucrativo negócio, não parecia ter algum arrependimento. Ainda dá algum carinho e atenção à mãe.


Josué, era bastante responsável e preocupado com a família e a comunidade, foi se envolvendo nos trabalhos com Da. Cota, casou-se com Regina a caçula dela, teve três filhas, e quando Da. Cota morreu de idade e complicações cardíacas, herdou seu lugar na comunidade.


Lutava com muita garra e amor para melhorar a situação do lugar, era pressão prà cima de vereadores e prefeitos. Conseguia levar alguns benefícios prà lá, um dos mais importantes foi uma nova escola, grande e bem equipada. Só ficou faltando a quadra de esportes que fazia parte da promessa, mas que segundo a construtora não teve dinheiro suficiente prà fazer. Depois, com muito esforço e contribuições do pessoal do bairro, conseguiu-se a construção da quadra.


Josué era bastante querido pelo pessoal do bairro, e ponto de equilíbrio entre os irmãos, mas não conseguiu endireitar todos eles e isso o angustiava muito.


Dionízio, era o terceiro dos irmãos, e quem conseguiu estudar por mais tempo, gostava e era muito determinado. C om o apoio de Josué se formou em Educação Física. Mudou-se prà longe, pois trabalha em três lugares diferentes como professor de natação e tem de estar mais próximo dos locais de trabalho. Está casado com Ana Maria, com quem tem duas lindas crianças.
Está feliz, e todo domingo pela manhã visita a mãe, levando seu carinho e ajudando nas despesas de seu tratamento.


Laércio, menino inquieto, como Dionízio,gostava de estudar, mas não tinha a mesma garra. Queria ganhar dinheiro logo, e foi se envolvendo nos trabalhos na marcenaria do Sr. Agripino, se empolgando, pois ganhava algum dinheiro, e acabou por abandonar a escola. Virou bom profissional, tinha sempre muito trabalho, e quando Sr. Agripino resolveu aposentar-se, assumiu a marcenaria.

Mas queria mais, não conseguia juntar dinheiro, fazer patrimônio. Quando da morte do pai, a família foi indenizada com um razoável seguro. Josué quis que o dinheiro fosse usado para comprar uma casa melhor para sua mãe e garantir a ela menos problemas na velhice.


Houve muita discussão, cada um querendo sua parte para gastar consigo mesmo. Josué conseguiu salvar alguma coisa e comprou a casa. O resto foi mesmo dividido. Laércio, então, fez o queria há muito tempo. Foi-se embora para os EEUU, pois entendia que lá seria valorizado e ganharia bastante dinheiro. Durante algum tempo mandou notícias e até algum dinheiro prà sua mãe, mas quando se casou com uma americana perdeu de vez o contato. Josué, ainda insistiu, escrevia-lhe, mas nada de resposta, hoje nada se sabe de Laércio.


Raniere, é o quinto filho do Santana, na primeira infância, por ser apenas um ano mais velho que Julião, era o irmão inseparável, com quem estava sempre brincando. Raniere era o nome do patrão do Santana, que ele resolveu copiar. Raniere estudou até ser convocado para servir ao Exército, depois do tempo obrigatório, decidiu seguir carreira, fez cursos de cabo e hoje é sargento. Está servindo num quartel em uma cidade bastante distante, mas mantem correspondências com a família, Rithinha tem até fotos sua , orgulhoso da farda que veste.


Julião, ao saber da situação da família quer logo uma visita à mãe e ter a oportunidade de reencontrar os irmãos.

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