quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Julião em dia de cozinheiro


Julião em dia de cozinheiro Era uma manhã muito fria. Letícia acabara de deixar o marido no aeroporto.
Dr. Jorge Massad Al Bittar, é um cirurgião plástico muito bem conceituado, e viajava para participar de um congresso onde apresentaria trabalhos e faria palestras. Letícia seguia para a academia de ginástica envolta em pensamentos descompromissados. Neste dia, tinha dispensado a empregada que precisava levar o filho ao médico, então planejava convidar alguma amiga da academia para ao terminarem irem a um shopping fazer compras e onde pudessem almoçar.


Pensava em ocupar o tempo, pois fazia apenas 72 dias de casada e já tinha que sofrer a ausência do marido. O casamento materializava um sonho antigo, se sentia leve, feliz, amada, e a intensidade desses primeiros dias de casada fervilhavam em sua mente, o que acabou gerando um descuido com o trânsito, e não percebendo que um semáfaro fechara, bateu seu veículo no carro que freiara à sua frente.

Refeita do susto desceu do carro se desculpando pelo incidente. Julião olhava o resultado da batida, e constatou que seu carro fora pouco afetado, mas o carro de Letícia estragara bastante. Ela estava um pouco tensa, pois aquele era o carro do marido, que tinha por ele excesso de zelo.
Julião procurou acalmá-la, ajudou-a a acionar a seguradora, e sugeriu que entrasse em contato com o marido prà saber se ele tinha alguma recomendação especial. Teria de esperar ainda alguns minutos até que ele completasse o trajeto aéreo.


Letícia falou com Jorge, que indicou a oficina de sua preferência. Julião foi ao local com Letícia para ajudá-la nas providências. Encaminhado o carro para conserto Julião se ofereceu para levá-la em casa, depois de uma primeira recusa ela acabou aceitando a oferta.


No trajeto foram conversando e Letícia já estava mais tranquila, a conversa parecia interessante e isto despertou-lhe alguma curiosidade. No som do carro tocava músicas de Bach, o que aumentou o interesse de Letícia, pois ela na juventude estudara música e este era um de seus autores preferidos, tendo ao piano interpretado muitas de suas obras. A conversa sobre a obra de Bach se estendeu, e quando chegaram à casa de Letícia ainda parecia inconclusa. Ela então convidou Julião prà continuarem a conversa em casa enquanto tomassem um café. Julião tinha outros compromissos, mas pensou que precisava ajudar aquela moça a esquecer o acidente.


Enquanto ela preparava o café ele avaliava cuidadosamente a enorme coleção de músicas clássicas que aquela encantadora moça possuia, e tecia alguns comentários que alongavam a conversa.


Julião apreciou demoradamente cada gole do café como se nunca houvesse bebido algo tão saboroso.
A bebida era um pouco aguada e realmente não poderia agradar alguém, mas isto Julião não a deixaria perceber. A conversa agora era sobre culinária e Julião disse gostar de fazer experiências na cozinha.


Letícia estava curiosa, e ele falou do "Peito de Peru ao Molho de Mangas Verdes", que ele preparava em ocasiões especiais, e afirmou que aquela era uma ocasião especial, e se ela concordasse o prepararia com alegria. Letícia estava realmente interessada em conhecer as habilidades culinárias do novo amigo. Julião ligou para Da. Leocádia e pediu-lhe que enviasse o kit completo para o esperado prato.


Não demorou e estava lá uma bela caixa térmica com todos os ingredientes e condimentos para preparação do peru. E mais, uma garrafa de conhaque francês, um pacote de café de grãos selecionados, folhas de limão e facas com formatos apropriados.


Enquanto trabalhavam na cozinha, apreciavam o conhaque e a conversa se estendia descontraída, parecendo um reencontro de velhos amigos. Letícia soube então, que as folhas de hortelã desidratadas e o leite de figo presentes no kit e não utilizados, poderiam transformar o peru não consumido no almoço num belo jantar.


Durante a refeição, enquanto Letícia saboreava com grande prazer aquele prato, crescia a admiração e o respeito mútuos, mas isto não evitou de Letícia ficar um pouco desconcertada quando pode comparar o café que serviara horas antes com este que acabara de tomar, preparado com folhas de limão.


Enquanto Letícia foi atender a um telefonema do preocupado marido, Julião cuidou de limpar a mesa e lavar pratos e utensílios. Era início de noite e o tempo muito frio convidava para um relaxamento.


A ceia servida depois da meia-noite confirmava as qualidades do peru criado por Da. Leocádia à base de cevada e lentilha.


Eram 07:30hs da manhã quando Julião deixou Letícia na academia para que retomasse sua programação, e seguiu para o escritório, alertado que fora por Da. Leocádia de que não poderia faltar novamente ao trabalho.

Pela cidadania


A cada dia somos surpreendidos com novos escândalos, que envolvem membros do executivo, legislativo ou judiciário.


O mais triste é ver o cinismo, mau- caratismo, a desfaçatez dos mal-feitores, e a sua legião de defensores. A impunidade é a regra, ninguém mais acredita que alguém vai pagar pelos erros que cometeu. Agora mesmo, estamos assistindo conformados o desenrolar do processo que envolve o senador Renan Calheiros, e os fornos ligados para produzir uma grande pizza.


A grande crise que o país vivência é ética e moral, enquanto a população estiver tolerando os desvios de conduta, não seremos um país digno, um país decente, um país de oportunidades iguais, de respeito pelos cidadãos, com direitos e deveres iguais para todos, onde a legislação seja a mesma para fortes e fracos, para poderosos e humildes, e especialmente que seja respeitada.

A indignação de cada cidadão, quando da ocorrência de desvios por parte dos entes públicos tem quer ser ativa, tem que produzir resultados, assim, os movimentos de inconformismo e de resgate da cidadania, que grupos sociais começam a articular, devem ser estimulados e contar com a participação dos cidadãos que confiam na capacidade de transformações que nossa sociedade estão a exigir.

Vamos cobrar e exigir um comportamente decente daqueles que receberam delegação da população para cumprirem um mandato que resguarde os interesses legítimos dos que o elegeram.

O fato do Supremo Tribunal Federal receber as denúncias dos envolvidos no esquema do mensalão, é um alento, mas não pode ficar por aí, tem que haver punição, a justiça tem agir rápido, julgar e punir, não pode cair no esquecimento, demorar uma eternidade para julgar até haver prescrição dos crimes.

Os brasileiros venceram o monstro da inflação que parecia imbatível, agora vamos fazer um grande pacto pela ética e pela moral para vencermos esta chaga que esta corroendo as nossas instituições e a esperança de um pais melhor.

domingo, 14 de outubro de 2007

Julião reencontra Da. Leocádia


A Escola Municipal Pe. Anchieta completava 50 anos de fundação, e como parte das comemorações homenageou professores e alunos que se destacaram durante este período. Julião tinha cursado lá a sétima e oitava séries do primeiro grau, tinha sido um excelente aluno de português, gostava bastante de literatura e apesar do pouco tempo disponível lia livros com frequência e os discutia com Da. Leocádia, sua professora de português neste período.
Da. Leocádia era impressionada com a facilidade de síntese e com a correção gramatical no uso da linguagem escrita. Ao término do primeiro grau, Julião mudara de escola e não mais tivera notícias da professora amiga.
Durante as homenagens prestadas pela escola, pode reencontrar-se com a professora, quando soube que se aposentara. Durante a amigável conversa, Da. Leocádia, agora com 67 anos, disse que tinha ficado viúva, já estava com todos os filho criados, e que estava tentando voltar a trabalhar, mas que com sua idade estava bastante difícil.

Julião estava enfrentando dificuldades pela saída intempestiva do escritório do irmão e da Magaly, pensou então, porque não dar a Da. Leocádia a oportunidade do trabalho, sabia das dificuldades de adaptação que a professora teria, mas tinha certeza da força de vontade e da honestidade de propósitos.

Fez então o convite, que foi aceito com muita alegria.

De imediato Da. Leocádia começou a trabalhar, dedicava-se com esmero para assimilar o trabalho, não se preocupava com horário, trabalhava à noite, sábados, domingos, querendo aproveitar todo o tempo para aprender. A cada dia gostava mais do que fazia, foi conquistando a confiança de Julião, passou a assumir novas responsabilidades, dominava inteiramente o trabalho, mantia contatos com as representadas, com clientes, fazia os relatórios, cuidava das questões financeiras da pequena empresa e até pessoais de Julião.

Era secretária, amiga, confidente, cuidava dos assuntos pessoais de Julião, e com sua sabedoria dava conselhos, orientava no trabalho, chamava a atenção do amigo quando de deslizes e excessos cometidos nos relacionamentos amorosos.

Foi Da. Leocádia quem sustentou os negócios de Julião por ocasião do trauma do relacionamento com Rithinha, além de com sua bondade, paciência, abnegação ter ajudado Julião a se reerguer moralmente.

Da. Leocádia, tem muita afinidades com Julião, advinha-lhe os pensamentos, é o anjo de guarda que lhe acompanha e apoia.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

CPMF: UMA QUESTÀO DE PRINCÍPIOS



CPMF: UMA QUESTÀO DE PRINCÍPIOS

A Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno a prorrogação da CPMF até 2011. Foram 338 deputados que votaram de costas para a sociedade. Barganhas, negociatas, jogos de cena, onde o que menos contou foi o interesse da sociedade. Assim que acabou a votação já tinha deputados apresentando a conta, sem nenhum constrangimento na frente das câmaras, algo inconcebível nas mentes sãs. Falar sobre a decepção da população com seus representantes já está ficando muito repetitivo. O parlamento é o oxigênio da democracia, a Câmara dos Deputados é o principal instrumento de manifestação da sociedade, então urge uma reação. Não podemos permitir que o Congresso Nacional continue com a coluna vertebral curvada diante do poder executivo. Devemos intensificar a luta para que a CPMF não passe no segundo turno na Câmara, se não der, vamos montar trincheiras no Senado.
A CPMF foi criada em 1993 como provisória num momento de crise e o propósito era salvar a saúde pública. A saúde pública continua na UTI, todos os dias vemos reportagens mostrando o drama de pacientes, o sofrimento, a humilhação, o desespero, onde estão as autoridades, onde estão os recursos da CPMF, e a cada mês o governo comemora records de arrecadação. De janeiro a agosto só o aumento real de arrecadação, já descontada a inflação, foi de 37,3 bilhões de reais, mais do que o previsto de CPMF para 2007. Pr’a onde está indo tanto dinheiro? A saúde está um caos, a educação é sofrível, os níveis de violência aumentando a cada dia, a insegurança espalhando a intranquilidade, as estradas em condições precárias, ferrovias, saneamento básico continuam sem investimentos. Os recursos estão indo para a atividade meio, para a corrupção, para subjugar o Parlamento, para os inúmeros órgãos espalhados pela administração pública, que são inoperantes, ineficientes, para inúmeros ministérios com sobreposição de funções, para os milhares e inaceitáveis cargos comissionados que maculam e humilham os valorosos funcionários públicos de carreira. Para onde está indo tanto dinheiro? Para os desperdícios, mordomias, negligências, irresponsabilidades. Isto com o sacrifício de milhões de brasileiros, pessoas físicas e empresas. Governo controlar despesas, gastar com parcimônia o suado dinheiro do povo, nem pensar, é mais fácil aumentar impostos. As pessoas perdem renda, perdem emprego e são obrigadas a se readaptarem. Empresas perdem mercado, tem aumento de custos que nem sempre podem repassar para preços, e são obrigadas a cortar gastos, reordenar as despesas. Governo não tem preocupação, aumenta impostos. Passa da hora de exigirmos dos governos que não abusem dos recursos públicos, que gastem no interesse da população, não nos dos grupos encastelados no poder.
O presidente declarou recentemente, que governo nenhum pode abrir mão da CPMF, então confirma que para o governo ela é definitiva, e que o provisório é apenas para iludir a população, mostra que a sanha arrecadatória é infinita, que a discussão da reforma tributária é apenas jogo de cena, que se houver alguma reforma que se faça com os recursos dos estados e municípios, e a nossa pobre federação vai continuar com prefeitos e governadores de pires na mão implorando as migalhas do governo federal que a cada dia tem mais recursos para impor vontades e manipular consciências.
A sociedade tem de reagir, juntar forças, mostrar nossa indignação, pressionar deputados e senadores, através de telefonemas, de e-mails, manifestação no Congresso Nacional, não podemos nos render diante do mau-caratismo de pessoas que tripudiam sobre o voto, sobre os cidadãos e cidadãs deste país.
O governo está acenando com a possibilidade de dar a cabeça do senhor Renan Calheiros em troca da aprovação da CPMF no Senado, eu de minha parte não aceito trocar uma causa tão importante por alguém de valor tão duvidoso.